Reportagem de Heloisa Cristaldo (Repórter da Agência Brasil): (Parte II)
Pense
antes de compartilhar
O psicólogo é enfático: o jovem deve
pensar antes de compartilhar imagens ou conteúdo. “Quando você for
compartilhar, publicar, tente pensar um pouco mais do que [apenas] no momento,
porque as consequências são muito importantes”, alerta.
“O que surpreende nos 'nativos
digitais' é que a gente supõe que eles são muito habilitados. Uma coisa é o
tempo de uso e outra coisa é a capacidade crítica, de reflexão, de fazer
escolhas conscientes, e ninguém aprende sozinho só porque nasceu nesta era
digital. Isso exige uma conversa sobre cidadania com pais, familiares. A gente
vê adolescente expondo comentários racistas, homofóbicos e se arrependem. Tente
a reflexão antes do clique”, disse Rodrigo Nejm.
Para a procuradora regional da
República Neide Cardoso, coordenadora nacional do grupo de trabalho de
enfrentamento aos crimes cibernéticos do Ministério Público Federal (MPF),
outro aspecto que desperta preocupação das autoridades é a exposição voluntária
de informações pessoais dos jovens. “Hoje as pessoas colocam a vida toda nas
redes sociais. Ali o aliciador, além de visualizar as fotos, também tem
informação da pessoa – seja da escola, do local, às vezes mostra residência.
São imagens que acabam identificando”, afirmou.
Preocupado com aumento da
criminalidade incentivado pela insegurança da rede, o MPF criou o Projeto
Ministério Público pela Educação Digital nas Escolas. A iniciativa leva
informação sobre o uso seguro e responsável da internet para professores da
rede pública e privada de ensino, e já percorreu 12 capitais brasileiras. De
acordo com o órgão, os principais riscos são o aliciamento online; a difusão de
imagens pornográficas de crianças ou adolescentes e o ciberbullying.
Segundo a procuradora, os pais devem
sempre acompanhar o que seus filhos estão fazendo na internet. “A própria
criança acaba dando algum sinal. Quando o pai está se aproximando, desliga o
computador, muda a tela, isso é um sinal de que alguma coisa está acontecendo.
Sempre acompanhar e orientar a criança nesse aspecto: evitar contato com quem
não conheça, evitar se expor com fotos que identifiquem família, escola”,
orienta.
Neide Cardoso orienta ainda que
jovens evitem se relacionar com pessoas com quem nunca tiveram contato
presencial. “[O adolescente] nunca vai saber se quem está do outro lado é uma
pessoa da idade dela. Normalmente, o aliciador de menor sabe ter o
mesmo nível de conversa de uma criança que ele quer iludir. Assim como adultos sofrem
crimes de estelionato na internet, fica muito mais difícil para uma criança ou
adolescente perceber essa situação”.
“Os adolescentes têm muito a ideia
de que não vão ser pegos, que pode fazer o que quiser na internet que as
autoridades não vão conseguir identificá-los, e nós, a partir de qualquer
denúncia, temos sempre como identificar o agressor. O que é mais difícil para
nós é justamente chegar à denúncia”. A procuradora ressalta que o pai ou
responsável pelo adolescente que pratica um ato infracional pode ser
responsabilizado por danos morais em relação à vítima.
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